quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Um blog para a História

EDITORIAL
Um blog! Um blog! Agora temos um blog! Mas o que é um blog? Por que os blogs despontam como elementos importantes na democratização da comunicação e da informação? Afinal... por que nós temos um blog?

O termo “blog” é uma redução de “weblog”. Web é a grande Rede (Worldwide Web). Esta que disponibiliza as informações que já estamos habituados a acessar sob a forma de hipertextos. Quanto a log, na linguagem da informática, é o registro que fica toda vez que acessamos um software. Por exemplo, o histórico de uma conversa através de um programa de messenger constitui um log. Mas para entender o que vem de fato a ser um blog, ou weblog, precisamos defini-lo, conhecer a sua história e o seu papel na sociedade contemporânea.

Em primeiro lugar, blog ou weblog é nada mais que uma página da Web, cujas postagens (ou posts) são organizadas cronologicamente na ordem inversa. Essas postagens geralmente são feitas sob a forma de textos escritos, mas (atualmente) podemos postar imagens, vídeos, entre outros formatos em um blog. Desta forma, podemos dizer que seu funcionamento segue a lógica de um diário pessoal, onde, a cada dia, podemos deixar um ou mais registros.
As postagens de um blog (alguns preferem aportuguesar a palavra para “blogue”) não precisam ter nenhuma homogeneidade. Não precisam corresponder a nenhum gênero de escrita específico, não precisam tratar dos mesmos assuntos e nem precisam ser escritas pela mesma pessoa. Além disso, os blogs abrangem uma variedade enorme de temas, finalidades e opções.
Há blogs que servem de fato como um diário pessoal que um indivíduo utiliza para publicar suas idéias, pensamentos ou apenas os registros daquilo que ele vivenciou. Para esta finalidade, os flogs (ou fotologs) são mais apreciados, pois trazem ferramentas para a organização de fotografias e imagens. Há também blogs utilizados para a divulgação de serviços ou de trabalhos. Estes têm caráter mais comercial.
Muita gente aderiu a essa onda dos blogs. Celebridades como Ivete Sangalo e Fernanda Lima embarcaram nessa. Mas não precisa ser famoso para ter um blog. Qualquer pessoa pode ter o seu. Basta acessar a internet e se cadastrar em algum site que ofereça hospedagem de blogs a custo zero, que são muitos. Os sistemas de criação e edição de blogs são muito atrativos pelas facilidades que oferecem, pois dispensam o conhecimento da linguagem HTML, o que estimula muito os interessados.
Há blogs de arte, de literatura, de poesia, de filosofia, etc. Escritores e intelectuais utilizam estes espaços para expor seus trabalhos e seus pensamentos, a fim de que possam (sem custos) submetê-los à crítica e à apreciação de um público eventual.
Existem blogs para todos os gostos na esfera política. Se Renato Rovái organiza um fórum mais alinhado com o governo, o grupo Abril oferece espaço para que Reinaldo Azevedo faça sua crítica neoliberal. Enquanto isso, uma centena de blogs oferece leituras alternativas da situação política do Brasil e do Mundo.
Mas um tipo de blog que vem ganhando muito espaço na Web é aquele produzido para debater assuntos da atualidade. Estes têm atraído não apenas a atenção de comunicadores renomados como Paulo Henrique Amorim, Mino Carta, Juca Kfouri e Marcelo Tas, como também jovens jornalistas e estudantes de comunicação. A grande mídia está na mira dos blogs, que despontam como força capaz de quebrar o oligopólio da informação.
A primeira definição de weblog foi dada em 1997 por Jorn Barger. Segundo ele, weblog seria uma página onde um diarista relata todas as outras páginas da Web que encontra. Os primeiros blogueiros faziam referências recíprocas, criavam uma relação incestuosa que amplificava as vozes uns dos outros ao criar interligação entre os blogs. Isso deu condições ao crescimento da comunidade. Até então, contudo, a criação e manutenção de um blog dependiam dos conhecimentos tecnológicos de seu autor.
A partir de 1999 várias empresas lançaram softwares que facilitaram a vida dos blogueiros, que não necessitavam mais dos requisitos técnicos, uma vez que estes passaram a ser gerenciados pelas empresas que, além de tudo, começaram a oferecer a criação dos blogs de forma gratuita. Tais mudanças surtiram um grande debate na comunidade blogueira em torno do papel dos blogs dentro da mídia.
O fato é que, no início dos anos 2000, o número de blogs não passava de poucos milhares. Atualmente, estima-se que a “blogosfera” seja constituída por mais de 70 milhões de blogs.
O estado de liquidez existente entre as condições de criador e receptor das mensagens é uma grande vantagem da comunicação desencadeada pela internet e, especialmente, pelos blogs. O criador compartilha a situação de receptor quando remete a outros textos e fontes através dos links, podendo transformá-los. O mesmo acontece quando o receptor pode interferir no texto, de forma quase tão imediata quanto a ação do criador de publicá-lo, ao deixar comentários ou criar novas postagens. Emissor e receptor situam-se no mesmo patamar.
Os blogs diferenciam-se da mídia tradicional por comporem uma rede de ligações (links) com outras fontes de informação (incluindo outros blogs). Os blogs entraram de vez no cotidiano de muita gente. Seus adeptos propõem a democratização da informação e da comunicação através da expansão dessa grande rede de ligações, que permite a constituição de uma mídia alternativa, agregando informações oriundas de diversas fontes, revelando diferentes pontos de vista e estabelecendo uma forma de “mídia participativa”.
Como se vê, essa é a história dos blogs, parte da história dos meios de comunicação como um todo! Por que não fazermos parte dela? Nosso objetivo é fazer um bom uso dessa ferramenta, tão importante para a transformação do mundo a nossa volta, dos espaços públicos, da nossa realidade como estudantes de uma Universidade Pública. Convocamos todos para participação ativa (como criadores, interventores, construtores) nesse espaço. Para que os blogs se sustentem como tais, é necessário que eles criem os links - ligações entre fontes, ligações entre informações, ligações entre seres humanos.
O CAHIS está apostando nessa perspectiva e lança o seu próprio blog com o intuito de ampliar os espaços de comunicação entre os estudantes de História da UFOP e a promover a relação destes com os demais estudantes brasileiros. Nosso blog não é apenas um espaço de divulgação das atividades de uma entidade acadêmica, não é apenas um espaço para publicação de belos artigos e aventuras literárias. Nosso blog abraça as lutas dos estudantes e da sociedade brasileira. Nosso blog não quer aceitar que a prepotência de uma revista semanal continue persuadindo a consciência de leitores (supostamente) inconscientes, tentando desconstruir a importância histórica de grandes movimentos e grandes personalidades que ousaram combater as injustiças do mundo. Inconformismo e rebeldia serão sempre nossas características, ainda que muitos tentem manchar os símbolos que ainda inspiram esses sentimentos. Acreditamos que contribuir para a construção desse novo espaço é contribuir para a nossa própria história e para a história do movimento estudantil em nossa universidade. Portanto, o espaço está aberto. Vamos ocupá-lo!

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