sábado, 16 de outubro de 2010

Um pouco de reflexão em tempos polarizados

Imagino que seria interessante refletirmos um pouco sobre determinadas atitudes, que geralmente só aparecem ou são inflamadas em épocas como essa em nosso país, ou seja, eleitoreiras. Raramente redijo mensagens desse tipo e as envio para amigos. O que diria para contatos de pessoas da minha lista que nem mesmo tenho muito "contato".

Bom, mas a questão é a seguinte: para além de polarizações, principalmente de segundo turno, de época de eleição em nosso país, gostaria de lembrar a todos o esforço que deveríamos ter em reconhecer similaridades de certos eventos que ocorrem aqui, e também em outros lugares, mas que talvez por não possuírem certa dimensão eleitoreira são ignorados. Como Historiador de formação, sinto compelido a refletir sobre o assunto.

Muito se diz por aqui que diversos movimentos sociais, ou mesmo simples reivindicações por melhores condições de trabalho (o conceito de greve?) são meros baderneiros que apenas querem viver no "bem bom", sem ter que pegar no pesado ou "correr atrás" do que precisam. Em última estância, são até mesmo criminalizados. MST é um grande exemplo. O óbvio é que de fato acho que há pessoas lá dentro que se quer tem idéia do que querem, quando não agem de má fé. Mas julgar o comportamento dessa minoria como se fosse de todo o movimento é completamente diferente.

Várias pessoas, geralmente da direita, gostam de dizer "somos assim porque vivemos em terceiro mundo". "É cultural isso". O irônico é que quando se trata do contrário, quando movimentos sociais borbulham nos países de "1º mundo", ou mesmo tratam de questões mais polêmicas como o aborto, nada ou pouco se diz por aqui.
O que me levou a tal reflexão foi: o momento de polarização entre Dilma e Serra em que vivemos; e o fato de vários segmentos da sociedade francesa praticarem uma greve que mesmo o governo reconhece mais de um milhão de adeptos. A questão, entre outras, é a alteração da idade de aposentadoria de 60 para 62, como forma de diminuir o déficit da previdência. E como diz em um dos meios que veicularam a notícia, "a França tem uma longa tradição em derrubar impopulares propostas governamentais por meio da militância nas ruas. No Brasil, quando o senhor Fernando Henrique Cardoso alterou a idade previdenciária, simplesmente chamou os aposentados de "vagabundos". Infelizmente, esse mesmo senhor desqualificava ou simplesmente não negociava com qualquer tipo de movimento social que protestasse contra medidas suas. Semelhante ao ocorrido em Minas durante o governo Aécio, ou em São Paulo durante o governo Serra. Posso dizer isso com alguma vivência que tive e ainda tenho no plano federal e estadual mineiro e paulista no campo da educação.

Mas como disse acima, isso pretende passar por cima de polarizações de época de eleição. O importante é perceber que, para além de problemas históricos e momentâneos de nosso país (superados por outros países), há também questões aqui presentes que às vezes tentam caminhar para soluções ou quadros também semelhantes a de países ditos "desenvolvidos". Acontece que frequentemente são ignorados, especialmente por aqueles que tem controle da grande mídia ou manipulam notícias em períodos de eleições. Uma relfexão simplista e breve, mas acho que o recado está dado.
Mas como disse em mensagem anterior, preferimos acreditar em falácias da internet e manipulações escandalosas da grande mídia a que lembrar (se é que um dia leu) o que os livros de História nos dizem. Paciência e esperança.